RS: Roda de conversa debate ações para promoção da igualdade e combate à violência de gênero nos locais de trabalho

07/05/2019 - 16:42

"A denúncia funciona quando é feita", afirma especialista em violência de gênero na atividade realizada em Venâncio Aires

No último dia 4, em Venâncio Aires, Rio Grande do Sul, foi realizada a primeira Roda de Conversa do Projeto "Promover os Direitos Humanos e Fortalecer a Ação Sindical e a Igualdade de Gênero no Ramo Vestuário da CUT, realizado pela CNTRV e Solidarity Center da AFL-CIO, com apoio do Instituto C&A e Instituto Observatório Social.

 

Confira matéria produzida por Bruna Cordeiro Chilanti, comunicadora da Federação Democrática dos Sapateiros do RS:

Uma manhã de muito debate e aprendizado. A roda de conversa entre mulheres do ramo do vestuário, ocorrida neste sábado (04), no Sindicado do Calçado e Vestuário de Venâncio Aires e Mato Leitão, debateu diversos temas de grande relevância na vida de cada participante. Dentre eles, a violência de gênero no local de trabalho e os impactos da reforma da Previdência na vida das mulheres, visto o atual cenário de direitos cada vez mais ameaçados.

A pesquisadora em relações de gênero, Mariana Pereira afirma que muitas mulheres não se dão conta dessas situações. "Quando falamos em violência, pensamos em casos mais extremos, mas ela está presente no nosso dia a dia. Desde cantadas que recebemos na rua, dos patrões e colegas de trabalho nas fábricas, entre outros. As estatísticas comprovam que praticamente todas as mulheres já sofreram algum tipo de violência de gênero. Precisamos identificar e combater", afirma a pesquisadora.

A secretária geral do Instituto Observatório Social, Lucilene Binsfeld, trouxe reflexões sobre a reforma da Previdência. "A seguridade social, garantida pela Constituição Federal, envolve três principais pontos: saúde, assistência social e previdência. A reforma proposta pelo atual governo vai mexer nos direitos dos idosos, pessoas com necessidades especiais, e claro, nós mulheres. O capital quer retirar o que não dá lucro como itens da Previdência, auxílio maternidade, idade mínima e um conjunto de mudanças prejudiciais que vai recair sobre as mulheres" finaliza ela.

Joseane de Mello Nascimento, 34 anos, trabalhadora do ramo, afirma que esta manhã foi de extremo aprendizado. "Alguns apontamentos eu não tinha conhecimento, como formas de violência e assédio. Aprendi muito, assim como as demais companheiras. Vamos levar adiante e multiplicar esta ação, pois muitas sofrem mas poucas falam", diz.

Cerca de 40 mulheres participam da roda que destacou problemáticas como perseguição dentro das fábricas, assédio, excesso de pressão, discriminação racial, falta de apoio, além dos impactos da Reforma da Previdência e direitos ameaçados.

Foto: Bruna Cordeiro ChilantiFoto: Bruna Cordeiro Chilanti

O evento é fruto de  uma grande parceria realizada entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo do Vestuário (CNTRV), Solidarity Center (AFL-CIO),  Instituto C&A e Instituto Observatório Social. Além de Venâncio Aires, as rodas de conversa irão passar por diversos municípios gaúchos, com apoio das entidades, bem como da Federação dos Sapateiros RS.