Operação Carne Fraca põe em jogo saúde pública e empregos

Exagero em divulgação soma-se à má condução da ação pela PF e corrupção abafada no PMDB

Escrito por: CUT • Publicado em: 22/03/2017 - 10:26 • Última modificação: 23/04/2022 - 16:38 Escrito por: CUT Publicado em: 22/03/2017 - 10:26 Última modificação: 23/04/2022 - 16:38

‘Sensacionalismo’ foi a palavra utilizada pelo presidente da CONTAC-CUT (Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT), Siderlei Oliveira, sobre a divulgação da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, na sexta-feira (17). A CONTAC-CUT representa mais de um milhão de trabalhadores do setor, número suficiente para que seja acesa a luz de alerta em relação aos empregos. O risco de demissões no setor é grande, dado o super dimensionamento e as distorções nas denúncias de adulteração em produtos como carnes, salsichas e linguiças de empresas dos grupos JBS e BRF. Um exemplo basta para mostrar o descuido e espetacularização da ação PF: o delegado Maurício Moscardi Grillo, em seu relatório da operação, afirma que “Eles usavam ácidos e outros produtos químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento”. Dois dias depois, descobriu-se que o ácido adicionado à carne é o ácido ascórbico, conhecido popularmente como Vitamina C, que não causa danos à saúde. Outro lado nebuloso da Operação Carne Fraca diz respeito a novas denúncias abafadas de desvios e corrupção no PMDB golpista, neste caso envolvendo o Ministério da Agricultura no Paraná, o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR) e o ministro da Justiça, Oscar Serraglio (PMDB-PR).

O presidente da CONTAC-CUT reforça que a fiscalização é necessária não só nos frigoríficos, mas em todo o processo de comercialização dos produtos. Principalmente na forma de acondicionamento nos supermercados. Siderlei Oliveira relata que a produção nas fábricas é rigorosamente controlada no que diz respeito ao controle de qualidade e higiene. “Não posso ser contra uma operação que investiga um setor de grande importância para a população e para a economia, mas tenho restrições sobre a forma como foi feita a divulgação”. Ele explica que a divulgação foi confusa, sem determinar detalhes maiores sobre onde e como foram encontrados os produtos estragados. Isso causou pânico nos consumidores, consequentemente diminuição das vendas, da produção e risco de demissão em massa no setor.

E o efeito deve ser ainda mais desastroso, já que as exportações, segundo Siderlei, também foram afetadas. China, União Europeia, Chile e outros países suspenderam a compra de carne brasileira. As exportações representam a maior parte da comercialização de produtos de empresas como O dirigente alerta que se essa fatia de mercado não for recuperada, haverá grandes índices de desemprego no setor. “E por causa de uma notícia que deu a entender que era um problema generalizado”, reflete Siderlei, quando constata que o consumidor brasileiro está ‘apavorado’ porque a carne brasileira ‘tem papel’ ou está estragada. Daí a importância e a responsabilidade nas informações para determinar onde exatamente está o problema.

A CONTAC-CUT discorda dos métodos utilizados pelos agentes da Polícia Federal, despreparados, segundo Siderlei Oliveira, para lidar com a divulgação das investigações. “Há uma ânsia de querer ser o ‘salvador da pátria’, sair na frente, dar a notícia em primeiro lugar”. Mas o dirigente também aponta outros fatores para que viessem à tona as denúncias que movimentaram mídia e redes sociais nos últimos dias. Um deles é o interesse externo. Para explicar, Siderlei lembra que, dias antes, começaram a circular vídeos na internet mostrando irregularidades em produtos. Em um deles, um consumidor alerta ter encontrando “câncer” em um pedaço de carne. Em outro, uma denúncia de que a carne teria uma bactéria que causa doenças cuja cura ainda não existe. Houve até um vídeo em que se acha um pedaço de plástico em um ‘embutido’.

E os interesses externos entram por essa porta, a partir da ‘desmoralização’ do produto, posterior denúncia (sem prova concreta e detalha até agora), e desestabilização do segmento. Quem estaria por detrás disso? Siderlei reforça que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta, o que desagrada mercados como o dos Estados Unidos. Naquele país, o mercado sofreu forte retração após terem sido constatados casos de presença de salmonela na carne. “Disputa de mercado”, ele diz. “Mas ainda assim não podemos nos ater apenas a fatores externos e retirar a responsabilidade dos empresários brasileiros”, ressalta Siderlei. “Se há problema aqui, deve-se investigar, punir culpados, mas acima de tudo, tratar o problema sem usar de sensacionalismo, causando pânico na população”.

A entidade é favorável à fiscalização sanitária sobre a qualidade dos alimentos, mas acima de tudo, defende uma maior presença do Estado nas inspeções e com a participação de representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, garantindo também condições mais saudáveis e seguras. Para a CONTAC-CUT, a Operação Carne Fraca pode ser mais uma conta a ser paga pela classe trabalhadora.

Título: Operação Carne Fraca põe em jogo saúde pública e empregos, Conteúdo: ‘Sensacionalismo’ foi a palavra utilizada pelo presidente da CONTAC-CUT (Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT), Siderlei Oliveira, sobre a divulgação da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, na sexta-feira (17). A CONTAC-CUT representa mais de um milhão de trabalhadores do setor, número suficiente para que seja acesa a luz de alerta em relação aos empregos. O risco de demissões no setor é grande, dado o super dimensionamento e as distorções nas denúncias de adulteração em produtos como carnes, salsichas e linguiças de empresas dos grupos JBS e BRF. Um exemplo basta para mostrar o descuido e espetacularização da ação PF: o delegado Maurício Moscardi Grillo, em seu relatório da operação, afirma que “Eles usavam ácidos e outros produtos químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento”. Dois dias depois, descobriu-se que o ácido adicionado à carne é o ácido ascórbico, conhecido popularmente como Vitamina C, que não causa danos à saúde. Outro lado nebuloso da Operação Carne Fraca diz respeito a novas denúncias abafadas de desvios e corrupção no PMDB golpista, neste caso envolvendo o Ministério da Agricultura no Paraná, o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR) e o ministro da Justiça, Oscar Serraglio (PMDB-PR). O presidente da CONTAC-CUT reforça que a fiscalização é necessária não só nos frigoríficos, mas em todo o processo de comercialização dos produtos. Principalmente na forma de acondicionamento nos supermercados. Siderlei Oliveira relata que a produção nas fábricas é rigorosamente controlada no que diz respeito ao controle de qualidade e higiene. “Não posso ser contra uma operação que investiga um setor de grande importância para a população e para a economia, mas tenho restrições sobre a forma como foi feita a divulgação”. Ele explica que a divulgação foi confusa, sem determinar detalhes maiores sobre onde e como foram encontrados os produtos estragados. Isso causou pânico nos consumidores, consequentemente diminuição das vendas, da produção e risco de demissão em massa no setor. E o efeito deve ser ainda mais desastroso, já que as exportações, segundo Siderlei, também foram afetadas. China, União Europeia, Chile e outros países suspenderam a compra de carne brasileira. As exportações representam a maior parte da comercialização de produtos de empresas como O dirigente alerta que se essa fatia de mercado não for recuperada, haverá grandes índices de desemprego no setor. “E por causa de uma notícia que deu a entender que era um problema generalizado”, reflete Siderlei, quando constata que o consumidor brasileiro está ‘apavorado’ porque a carne brasileira ‘tem papel’ ou está estragada. Daí a importância e a responsabilidade nas informações para determinar onde exatamente está o problema. A CONTAC-CUT discorda dos métodos utilizados pelos agentes da Polícia Federal, despreparados, segundo Siderlei Oliveira, para lidar com a divulgação das investigações. “Há uma ânsia de querer ser o ‘salvador da pátria’, sair na frente, dar a notícia em primeiro lugar”. Mas o dirigente também aponta outros fatores para que viessem à tona as denúncias que movimentaram mídia e redes sociais nos últimos dias. Um deles é o interesse externo. Para explicar, Siderlei lembra que, dias antes, começaram a circular vídeos na internet mostrando irregularidades em produtos. Em um deles, um consumidor alerta ter encontrando “câncer” em um pedaço de carne. Em outro, uma denúncia de que a carne teria uma bactéria que causa doenças cuja cura ainda não existe. Houve até um vídeo em que se acha um pedaço de plástico em um ‘embutido’. E os interesses externos entram por essa porta, a partir da ‘desmoralização’ do produto, posterior denúncia (sem prova concreta e detalha até agora), e desestabilização do segmento. Quem estaria por detrás disso? Siderlei reforça que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta, o que desagrada mercados como o dos Estados Unidos. Naquele país, o mercado sofreu forte retração após terem sido constatados casos de presença de salmonela na carne. “Disputa de mercado”, ele diz. “Mas ainda assim não podemos nos ater apenas a fatores externos e retirar a responsabilidade dos empresários brasileiros”, ressalta Siderlei. “Se há problema aqui, deve-se investigar, punir culpados, mas acima de tudo, tratar o problema sem usar de sensacionalismo, causando pânico na população”. A entidade é favorável à fiscalização sanitária sobre a qualidade dos alimentos, mas acima de tudo, defende uma maior presença do Estado nas inspeções e com a participação de representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, garantindo também condições mais saudáveis e seguras. Para a CONTAC-CUT, a Operação Carne Fraca pode ser mais uma conta a ser paga pela classe trabalhadora.



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